Introdução
Foi minha primeira viagem para o nordeste brasileiro. Recife era umas das cidades mais esperadas e Olinda, conseqüentemente, já que quase não faz mais sentido pensar nelas separadas.
Conheci Olinda primeiro. Fiquei hospedado lá. Na mesma noite subi até a Praça da Sé, na cidade antiga, Patrimônio Mundial da Humanidade. Foi ali que naquela noite e em quase todas as próximas eu fiz parte do que todos que nunca foram para o nordeste pensam sobre a cultura e as pessoas de lá. Eu queria saber como era viver ali como se tivesse nascido à sombra da Caixa d'água de Olinda. Acabei conhecendo não só como se vive em Olinda, mas em um pedaço grande do litoral do Pernambuco. Não tenho a pretensão de dizer pra ninguém que conheço tudo e por que as coisas acontecem lá, mas fiquei feliz em saber que consegui ver aquilo que só quem chega de fora e pelo alto consegue perceber. Não se trata só de estar lá e olhar para os lados para perceber as coisas, é preciso mergulhar as mãos nos grãos para perceber o que tem embaixo deles.
É incrível perceber a indiferença da arquitetura, da cidade, do espaço frente os gestos das pessoas. Cada gesto tem absolutamente tudo e nada a ver com o lugar em que elas vivem. Parece uma mistura de caminho e rastro.  Não sei se as pessoas os trilham, pois assim foi designado para elas, ou se trata do seu próprio designo, de sua própria vontade.
O roteiro desta divagação vai correr junto às pessoas que encontrei lá. 
 
Assim que desembarcamos no aeroporto precisava atravessar a cidade do Recife até o Norte, em Olinda. Queríamos evitar o transtorno persistente de pegar um ônibus. Conseguem pensar em milhares de linhas de ônibus e aviões, mas ainda pensamos seus pontos de encontro, cruzamento e chegada como se fossem vias distintas quando se tratam de trechos de um unico caminho. Enfim, conheci Jocilene. Senhora de negócios. Pareceu-me uma dona de casa do mundo coorporativo nacional. Esse monte de paradoxos e contradições é a melhor forma que tenho para explicar o quão autêntica, simples e astuta ela aparentava. Tinha seu motorista próprio. Na verdade um taxista de quem tinha o número e cultivara boas relações afetivas e empregatícias. Troca de solidariedades temperadas com gentileza pernambucana.  Depois da conversa em que a maior parte destas considerações foram apresentadas e nossa intenção de dividir o taxi exposta, ela nos convidou para acompanhá-la até sua casa e a partir de lá, seu motorista nos conduziria até Olinda por um preço que ela garantiria ser oportuno e justo. E assim o fez e nós fizemos também. Pagamos metade da metade que gastaríamos se tivéssemos aceitado o confortável oferecimento de uma não tão simpática garota que nos oferecia taxi antes mesmo de sair da sala do desembarque.
Continua...
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